Rita Lee

Uma conversa inédita de 2011 prova o que a gente já sabia. Rita Lee estava, como sempre, anos-luz à frente do seu tempo.

Em 2011, o deepbeep conversou com Rita Lee. Na época, a artista estava gravando um novo álbum de inéditas e observava um mundo onde a internet se consolidava como a “grande vitrine musical”. A entrevista, guardada em nossos arquivos, nunca foi publicada. Até agora. Revisitar suas palavras hoje é como abrir uma cápsula do tempo. Com a inteligência e a ironia que sempre foram sua marca, Rita já celebrava a crise das grandes gravadoras (“acho bem feito”), diagnosticava o cansaço do Twitter (“os chatos me encheram o saco”) e definia sua vida em dois momentos, antes e depois do computador. Além de responder às nossas perguntas, ela preparou uma mixtape especial, a “trilha sonora da sua vida”, uma seleção deliciosamente anárquica que vai de Jackson do Pandeiro e Carmen Miranda a David Bowie e Sly & The Family Stone, com direito a uma parada em Alvin and The Chipmunks. Esta é uma chance de ouvir, com as palavras e as músicas dela, o que pensava a maior estrela do rock brasileiro naquele momento. Ouça e celebre!

Como escolheu as faixas para esta mixtape?
Lísias, querido… fui lembrando aleatoriamente de músicas que fizeram a trilha sonora da minha vida, foi uma delícia escutá-las novamente enquanto escolhia.

O que gosta de escutar em casa? Alguma descoberta recente?
No momento, quero mais é o som do silêncio. Estou gravando um disco só com inéditas e não gosto de ouvir nada que não seja eu mesma.

Você é uma das artistas que mais promove a transformação de seu tempo, especialmente por ser uma mulher revolucionária. Quais outras mulheres na música você considera serem agentes da mudança e de um mundo novo?
Chiquinha Gonzaga foi a primeira compositora brasileira que encarou o universo masculino de igual para igual. Carmen Miranda inventou a imagem da brasilidade para o mundo e é até hoje inigualável. Realmente, se for para enumerar as tantas mulheres que causaram frisson na música planetária, não sobraria espaço aqui.

A transformação tecnológica influenciou a forma de se consumir música e, com isso, a indústria fonográfica mudou. Como você vê essa mudança?
Hoje a net é a grande vitrine musical, as majors estão na UTI, e acho bem feito que isso esteja acontecendo, porque só investiram em clonados e ignoraram os alternativos. No meu tempo, para se ganhar um disco de platina, você tinha que vender um milhão de cópias; de ouro, quinhentos mil; de bronze, cem mil. Hoje ninguém mais vende disco, você baixa de graça.

Seu perfil no Twitter é bem conhecido, mas às vezes alguns usuários polemizam suas ideias. O que acha dos internautas e da internet?
Fiquei um bom tempo brincando no Twitter, ganhei um monte de amiguinhos ocultos, mas os chatos me encheram tanto o saco que eu tirei meu time de campo.

Das últimas transformações pelas quais o mundo passou, qual delas mais influenciou sua vida?
Sem dúvida, o computador. Minha vida se resume a “antes de” e “depois de”.

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