
A DJ e artista visual Mari Mats fala sobre a pesquisa Lado B, a teimosia boa de quem garimpa no detalhe e um set feito de graves e barulhinhos que o algoritmo não alcança.
Mari Mats ocupa a cidade e a pista com a mesma intensidade. Conhecida por seu traço inconfundível no graffiti, ela leva para a música essa mesma paixão por texturas e camadas, mas traduzida em frequências graves. Sua pesquisa é um manifesto pelo “Lado B”: ela foge do óbvio, garimpando produtores independentes e sonoridades que o algoritmo costuma ignorar. Para o deepbeep, ela criou um set minucioso, planejado no detalhe, que transita pelo dubstep, electro funk e techno. É uma viagem que, segundo ela, serve tanto para concentrar no trabalho quanto para “ouvir altão” e sentir a pulsação no peito.
Lísias Paiva, editor-fundador
Sua pesquisa musical é notória pela profundidade e pelo ecletismo. Qual é o seu ponto de partida para o garimpo? É uma busca por raridades, por timbres específicos ou por sons que desafiem a própria definição de música de pista?Este set foi uma pesquisa de alguns dos estilos que eu gosto de ouvir, tocar e dançar. Eu amo dubstep, electro funk, techno, bass music, então este set foi feito nessa construção. Ao mesmo tempo que você pode ouvir no seu fone trabalhando, pode ouvir em casa com os amigos. Ficou legal! Eu curti, está a minha cara!
O set que você gravou para o deepbeep tem uma energia muito particular. Qual foi a narrativa ou a paisagem sonora que você quis construir para quem escutar? Foi uma jornada mais mental e introspectiva ou focada na pulsação do corpo?
Pode ser mais introspectiva… e pulsando muito, porque tem muito grave! É bom para ouvir altão. Eu gosto de sentir e ouvir as camadas das músicas, então acho que vale se ligar nisso, tem muitos “barulhinhos bons”…
Com os algoritmos de streaming tendendo a criar hits e a achatar a diversidade, qual é o papel da cena underground e de DJs como você na preservação e na evolução da música eletrônica?
Eu acho muito importante, porque, como não sou uma DJ que produz (ainda), minha pesquisa sempre foi “Lado B” mesmo. Estes sets que eu gravo para ouvir vêm de toda essa busca. Tudo que você vai ouvir é de produtores que eu pesquiso, compro o disco e que normalmente não são de conhecimento de todes. Mas é muito bom e é sempre importante abrir os horizontes para estilos novos de som.
A arte de mixar é criar uma terceira música a partir de outras duas. Como funciona seu processo criativo durante a mixagem? É um processo mais técnico e planejado ou um fluxo de intuição?
Eu sou muito exigente com minhas mixagens. Num set gravado, acredito que tenho a possibilidade de gravar e planejar ele minuciosamente, pois cada detalhe, para mim, conta.
Um bom set pode levar a pista a um estado de transe coletivo. Para você, o que significa essa conexão? Qual é a sensação ou o estado de espírito que você busca compartilhar com o público quando tudo se encaixa perfeitamente?
Ah, essa troca de energia é muito poderosa. Posso tocar para mil pessoas ou para meia dúzia: se estiverem conectados comigo e na mesma frequência, vai que vai! Só viver!
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Foto (header): Tito Ferrara
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