
KAIR, o produtor que escolhe o fluxo e a intuição em vez do hype e que trata a pista como um lugar de liberdade, não de fórmula.
KAIR cria música como quem testa a própria atenção. Ele prefere o improviso ao planejamento, a intuição ao algoritmo e a pesquisa ao fetiche por tendência. Em vez de seguir o que está “acontecendo”, ele coleta sons do mundo, filtra apenas o que faz sentido e devolve tudo em faixas que tratam a pista como laboratório de sensações. Seu método é simples e radical ao mesmo tempo: manter a cabeça aberta o suficiente para o inesperado entrar. No estúdio, seus equipamentos funcionam como instrumentos de risco e não como ferramentas burocráticas. Na pista, ele entrega a jornada ao ouvinte sem tentar conduzir cada passo, apostando na interpretação individual como parte essencial da obra. Nesta conversa, KAIR fala sobre como a criação nasce do fluxo, sobre a difícil arte de manter autenticidade em uma cena saturada de microtendências e sobre por que a música só encontra sua força quando o artista esquece a expectativa do mundo e escuta o próprio pulso.
Lísias Paiva, editor-fundador
KAIR, seu trabalho como produtor parece começar com uma tela em branco. Qual costuma ser o ponto de partida para uma nova faixa?
Meu ponto de partida nunca tem uma direção tão fixa, me deixo levar no flow da produção sempre com a cabeça bem aberta para qualquer ideia maluca ou diferente que possa aparecer no meio do processo. Geralmente, coisas que tenho escutado recentemente em festas e em casa também influenciam inconscientemente no resultado.
A música eletrônica tem tendências e subgêneros que mudam muito rápido, muitas vezes impulsionados por algoritmos. Como você, como produtor, mantém uma voz autoral e autêntica em meio a tantas influências?
Procuro não me limitar ao que é óbvio, mas, ao mesmo tempo, estou sempre ligado em tendências, fazendo com que elas se adaptem à minha autenticidade como artista.
O estúdio é o laboratório de um produtor. Qual é a sua relação com seus equipamentos? De que maneira eles influenciam ou participam do seu processo criativo, para além de serem apenas ferramentas?
Eu os uso bastante durante o processo como ferramentas de diversão, de uma forma fluida e natural.
Sua música muitas vezes cria atmosferas profundas e introspectivas. Qual é a principal sensação ou jornada que você espera que o ouvinte experimente ao entrar no seu som, seja em casa, de fone de ouvido ou em uma pista de dança?
Eu, sinceramente, apenas espero que o ouvinte interprete ou sinta o que ele quiser sentir e interpretar. Literalmente deixá-lo livre para sentir. Na minha opinião, isso é o natural da arte.
Acompanhe o trabalho de KAIR
KAIR no Instagram
.
.
Aqui no deepbeep, cada entrevista vira uma playlist. Cada playlist, um jeito novo de ouvir.
E nossa curadoria não para por aqui: toda semana, enviamos novidades direto no seu e-mail.
Quer receber também? Assine a newsletter, o formulário está no rodapé.