Didi Effe

Para o comunicador, o futuro da cultura pop só pode ser decifrado por quem entende o passado e confia mais em amigos do que em algoritmos.

Didi Effe é uma espécie de bússola da cultura pop. Com uma trajetória que atravessou a MTV, os blogs e hoje domina os podcasts, ele se consolidou como o comunicador que entende o espírito do tempo porque, antes de tudo, ele é um fã. Seu método para criar conversas memoráveis é uma mistura de estudo profundo com a leveza de um “bate-papo”, onde a autenticidade é a principal moeda. Longe de se render aos algoritmos, seu garimpo é feito de fontes confiáveis: jornalistas, podcasters e, principalmente, amigos. Nesta conversa, Didi fala sobre a evolução da cultura, a importância de conhecer o passado e seu papel como tradutor do público. Fiel ao seu faro, ele compartilha a “playlist do que está por vir”, uma seleção de artistas que, segundo ele, estão prestes a dominar a conversa.

Didi, você é mestre na arte da entrevista, especialmente em formatos dinâmicos. Qual é o seu segredo para criar uma conexão rápida e deixar o entrevistado à vontade para uma conversa que seja, ao mesmo tempo, leve e inteligente?
Acho que o convidado sempre fica mais à vontade quando percebe que você estudou a pauta e sabe do que está falando. Também vale respeitar espaços, saber a hora na entrevista de quando perguntar algo mais polêmico, mas principalmente, de acordo com o entrevistado, saber como abordar a pergunta. Eu gosto sempre de deixar a entrevista com clima de bate-papo, estudar bastante antes para não ficar consultando fichas, parando a entrevista e criando um muro com o entrevistado.

Sua carreira como comunicador atravessou a era da TV musical, a explosão dos blogs e agora o auge dos podcasts e das redes sociais. O que você aprendeu nesse percurso sobre como a cultura se transforma? E, olhando para hoje, o que funciona para se conectar com o público que seria impensável na época da TV?
Eu vim de uma TV mais jovem, então acho que o que a gente já fazia naquela época é basicamente um embrião do que é feito hoje pelos creators. Eu acho que ser você de verdade, sem se esconder atrás de máscaras, ser sincero no seu discurso, falar do que você realmente acredita, é algo que te conecta com o seu público automaticamente.

Seu trabalho sempre foi estar à frente, descobrindo o que ainda não virou tendência, fugindo do que já está saturado. Como é o seu garimpo pessoal de cultura pop para encontrar a próxima grande coisa?
A minha sorte é que eu sou fã de música mesmo. Se eu não trabalhasse com o que eu trabalho, eu estaria lendo sobre o assunto da mesma forma, hahaha. Tem jornalistas que eu respeito e sigo, podcasts que eu ouço que sempre me informam do que está por vir. O segredo é ir atrás de quem você confia e concorda! Ah, e amigos que te apresentam música nova são sempre muito bem-vindos!

A música foi o fio condutor de grande parte da sua trajetória. Como ela dialoga hoje com a sua forma de interpretar o espírito do tempo? A música ainda é a sua principal lente para entender as novas gerações ou outros códigos culturais ganharam o mesmo peso?
A música sempre vai ser a minha principal lente para entender a sociedade. A de hoje e a do passado também. Às vezes eu noto na nova geração uma preguiça de conhecer o que veio antes, parece que eles acham que a roda está sendo inventada agora, mas ir atrás de referência é essencial para entender o que ainda está por vir.

O comunicador de hoje não apenas transmite, mas também traduz e amplifica o que circula no pop. Na sua visão, qual é o papel do entrevistador e do criador de conteúdo nesse ecossistema saturado? Que conversa você espera provocar em quem te assiste e te ouve?
Acho que o entrevistador e o criador de conteúdo têm o papel básico de traduzir para o público aquela mensagem que o artista deles quer passar, mas principalmente, acho que o papel principal no final é traduzir o próprio público, ser o representante daquele que te assiste naquela situação. É para que aquele que consome o seu conteúdo se sinta parte da história.

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