
A encruza de Juçara Marçal, Thiago França e Kiko Dinucci. Metá Metá sobre o poder do imprevisto e a entrega total como processo.
O Metá Metá não toca música. Eles entram em um estado de abertura ao imprevisto, como definem. O palco é o habitat natural deles. O som é a própria encruza. A fusão visceral de Juçara Marçal na voz, Thiago França no sax e Kiko Dinucci na guitarra, em que a espiritualidade de matriz africana, a crueza do punk e a liberdade do jazz acontecem ao mesmo tempo. Como parceiros do Festival Novas Frequências, que celebra 15 anos de vanguarda, conversamos com o trio. Eles se apresentam no dia 7 de dezembro, no Circo Voador (RJ), em uma noite que promete ser um ritual de entrega total. A conversa completa sobre esse processo intuitivo (e a ‘Playlist do Imprevisto’ que eles criaram) está logo abaixo.
Lísias Paiva, editor-fundador
O palco parece ser o habitat natural do Metá Metá, um lugar de catarse e improviso. Em dezembro, vocês se apresentam no Novas Frequências. Como vocês se preparam para uma performance em um festival de vanguarda como esse? O que nasce ali, no calor do momento, que nunca poderia ser planejado no estúdio?
Na verdade, não creio que haja um preparo específico para um festival de vanguarda, para uma casa noturna, um teatro ou um show na rua. Escolhemos o repertório, por vezes, entre músicas que são mais pulsantes e outras mais calmas. Nada muito além disso. Mas o momento do show é sempre de abertura pro imprevisto. É o que mais curtimos fazer. Tanto que, no estúdio, buscamos sempre reviver essa energia do show ao vivo.
O som de vocês é uma fusão de elementos que parecem opostos: a espiritualidade dos cantos de matriz africana, a crueza do punk, a liberdade do jazz. Qual é a liga que une esses universos tão distintos na criação do trio?
São elementos complementares, cheios de intersecções, cruzamentos. E a liga é justamente esta: a encruza dos vários elementos, das várias linguagens, das várias linhagens.
A música de vocês exige uma entrega, não é um som de fundo. Em uma cultura de consumo tão rápido, como vocês defendem o tempo e o processo de vocês?
Trata-se de um desafio, em princípio, saudável. Porque estabelecemos nosso tempo, nossos caminhos, onde, o que e como queremos tocar. Isso representa certa liberdade de movimento, mas também um alcance talvez menor do que o que teríamos se nos pautássemos pelas concessões. Será? Não dá pra saber! rs
Juçara, Kiko e Thiago, vocês três têm carreiras solo muito potentes e distintas. Como é a dinâmica quando vocês se juntam? De que forma o trabalho individual de cada um alimenta (ou é alimentado) pelo som do trio?
Creio que há espaço para os dois movimentos, são confluentes. As coisas que experimentamos em nossos trabalhos individuais alimentam de ideias, gestos musicais e ferramentas o som do trio. E quando nos juntamos, é muito especial, único, porque é o momento de respirar junto, de escuta totalmente aberta pra soma que se estabelece.
A música de vocês pode ser lida como política, espiritual, ritualística. No fim das contas, qual é a principal faísca de transe ou de inquietação que vocês esperam que o som do Metá Metá provoque em quem o ouve?
O simples ato de entrega total à música. Esse ato, quando acontece à vera, traz tudo: nossas referências, inspirações, nossa fé, nossos caminhos, nossas crises e angústias também!… fontes infinitas de sons. Isso é comovente.
Serviço: Festival Novas Frequências 15 anos
3-7 de dezembro no Rio
8-13 de dezembro em São Paulo
Line-up de “A a Z”, formato completo, divisão por cidades e ingressos no ar (exceto os do Sesc Paulista, que abrem 2/12). Acesse o site: https://www.novasfrequencias.com/
O Metá Metá se apresenta no Circo Voador (RJ, 7/12)
Apoio: deepbeep
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