Anvil FX

Anvil FX sobre a ‘Celebração da Aberração’, a “involução” da IA e o “primitivismo puro” como resposta.

Bem-vindos ao Primeira Audição, nossa casa para os lançamentos que exigem uma escuta atenta. O novo EP do Anvil FX, ‘Celebração da Aberração’, é um manifesto sobre o estado de aberração em que vivemos. Em um tempo em que a inteligência artificial propõe a involução e o excesso, a banda responde com o primitivismo puro. Como eles mesmos definem, é ‘música da era pré-histórica feita com equipamentos eletrônicos’. O Anvil FX, hoje um coletivo de seis pessoas, usa o minimalismo para criar um leque de sentidos, fugindo do óbvio. Convidamos a banda para uma conversa sobre esse processo artesanal. Nossa provocação foi a playlist ‘O Toque Humano’, uma seleção de faixas que definem o que a máquina jamais poderá replicar. Ouça o novo EP e a playlist de inspirações logo abaixo. A conversa completa vem a seguir.

Lísias Paiva, editor-fundador

O título do EP, ‘Celebração da Aberração’, é um manifesto. Em um mundo que busca o padrão, o que significa, para o Anvil FX, ‘celebrar a aberração’ hoje?
Não é que estejamos celebrando a aberração, é mais uma maneira de falar sobre o estado de aberração em que vivemos. É sobre a escolha por um fim do planeta em nome do capitalismo e o efeito social que isso causa. Basicamente, é o Anvil FX sendo o militante que sempre foi.

O Anvil FX nasceu como um projeto solo e hoje é um coletivo de seis pessoas. Como esse processo artesanal e coletivo, com múltiplas vozes, dialoga com o tema da ‘imbecilização’ da I.A. que vocês exploram no EP?
Ainda estamos querendo entender o real papel que a IA pretende ocupar nas artes e na vida. Isso nos lembra um pouco a INVOLUÇÃO que a banda DEVO se referia em DEVOLUTION. Está acontecendo uma verdadeira febre no YouTube e nas plataformas sociais de uma larga divulgação de covers de músicas populares em arranjos para outros estilos musicais. Algo que sempre existiu, mas hoje feito de maneira automática por meio de prompts. O que fica claro é que a inteligência artificial não consegue ser simples ou minimalista. Estamos vivendo um momento em que a IA precisa mostrar que é tão boa ou melhor que um super músico e arranjador. Já nossa versão (ou aversão) a isso procura um primitivismo puro. O que dizer de uma letra de música que usa apenas duas letras, mas que é rica em sentidos? Os caminhos do Anvil FX se definem como “música da era pré-histórica feita com equipamentos eletrônicos”.

Vivemos um tempo de discursos rasos. A faixa ‘A Minha Voz na sua Cabeça’ fala de controle. Qual é a conversa que vocês esperam que este novo trabalho provoque no ouvinte?
Acho que de novo temos mais uma música com uma informação muito simples, mas que abre num leque de muitos sentidos. Quando essa música foi criada, havia em nós uma busca por algo que fosse mais sensorial. Essa voz na cabeça pode ser da loucura, pode ser sobrenatural e de fato remete a uma forma de controle. Mas também pode ser uma guia, um instinto, uma intuição. Quando se canta: “Eu só quero brincar com a sua cabeça”, pra nós é a pureza de um artista e sua audiência, mas algo muito estranho também pode ser interpretado. Até mesmo o uso de substâncias químicas. Parte da letra também remete a vozes não normativas, tanto discursivas quanto fisiologicamente falando. Tipos de vozes que não correspondem ao que as pessoas esperam.


Show de lançamento do EP Celebração da Aberração

Domingo, 26 de outubro às 18h00
No Complexo Cultural Funarte SP
Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos

Ingressos: Sympla


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Agradecimentos: Palatável Records pela correria e parceria

Fotos: Marcela Guimarães

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