Pedro Vinicio

Entre o silêncio e o punk, seus desenhos traduzem o Brasil, os afetos e a política com uma potência minimalista.

O trabalho do artista Pedro Vinicio opera na potência da síntese. Com traços minimalistas e frases que parecem um suspiro ou um soco, ele traduz as complexidades da vida, da política e dos afetos em uma linguagem que é, ao mesmo tempo, delicada e afiada. Ele é um observador que encontra o equilíbrio no desequilíbrio e busca a sensibilidade em um mundo caótico, prestando atenção “até no vento”. Seu processo criativo transita entre o silêncio absoluto e a anarquia sonora do punk e do jazz de Miles Davis, provando que as ideias mais potentes nascem do inesperado. Nesta conversa, Pedro Vinicio fala sobre o desenho como ponto de partida, a democracia como sentimento e os sonhos como sua mais nova fonte de inspiração. E é justamente nesse universo de referências sonoras que o convidamos a compartilhar uma playlist especial: a trilha sonora do seu processo de criação, com músicas que o inspiram ou o lembram de uma ilustração ou ideia específica. Visualize as inspirações por trás da arte de Pedro Vinicio: dê o play e leia a entrevista.

Pedro, seu trabalho traduz com uma simplicidade potente as complexidades da vida, do afeto e da política. Olhando para o Brasil, qual é a principal sensação ou o sentimento que você sente a necessidade de sintetizar em seus traços e palavras hoje?
A minha sensação é de um Brasil democrático.

Em sua obra, como em seu livro “Tirando tudo, tá tudo bem”, o texto e o desenho minimalista parecem ter o mesmo peso, quase inseparáveis. Como funciona para você essa alquimia? A imagem nasce da palavra, a palavra busca um desenho, ou elas surgem como uma coisa só no seu processo criativo?
O desenho sempre já está lá. Já a frase vai nascendo aos poucos. O desenho precisa da frase e a frase precisa do desenho.

Sua arte é sobre a potência do essencial, da síntese. Que tipo de música ou paisagem sonora dialoga com seu processo criativo?
No meu processo criativo eu transito entre o silêncio e um som punk. No momento, a trilha sonora do meu processo criativo é o álbum The Complete Bitches Brew Sessions, de Miles Davis.

Seus desenhos navegam com maestria entre um humor delicado, uma melancolia sutil e uma crítica política muito afiada. Como você encontra o equilíbrio para abordar temas por vezes tão densos com uma aparente leveza?
Eu encontro o equilíbrio no desequilíbrio.

Para capturar o extraordinário na vida comum como você faz, é preciso um olhar muito atento e sensível. Como você “garimpa” suas inspirações no dia a dia?
É difícil ter um olhar sensível em um mundo de guerras, mas eu prefiro ter um olhar sensível, mesmo sentindo as emoções quase todas de uma vez. Para garimpar minhas ideias, presto atenção até no vento, não deixo passar nada sem dar atenção. Ultimamente tenho sonhado muito, e sonhos loucos. Essa tem sido minha fonte de inspirações.

Fotos: Paulo Vitale (Capa) e Augusto Araújo (Interna)

Acompanhe o trabalho de Pedro Vinicio:
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Coleção na El Cabriton (loja)

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